MARATONA DO RIO DE JANEIRO

No sábado que era para ser um dia de total descanso e concentração fiz tudo ao contrario. Fui para o encontro doa Marathons Maniacs e bebi toda a cerveja que consegui, voltei no final da tarde para o hotel, tomei banho e fui assistir a obra prima de Felix Mendelssohn, o Oratório "ELIAS", na Sala Cecília Meirelles. Voltei para o hotel por volta das 23 hs. Passei o dia sem descançar e não me hidratei. Acordo as 4 hs , faço a refeição matinal no quarto e levo banana e bolacha de aveia e mel para e comendo no ónibus que nos levava para a largada. Chegamos cedo, ficamos tirando fotos e conversando com os colegas e conhecendo outros corredores. Estou tranquilo, me sentindo bem. Somos chamados para a posição de largada e nos dirigimos para o local, logo após a largada da elite feminina que tinha no máximo 15 corredoras. Hoje me lembrando da largado acho que estava tenso. É dada a largada e saio bem, acompanhando todos num ritmo veloz, acima do que consigo manter, quando começo a sentir dor na canela esquerda que diagnóstico como anoxia. Começo a pensar sobre o que estava acontecendo, pois nos próximos seis km para seis vezes e sou ultrapassado por quase todos os corredores, no km 7 já estou na turma que disputa os últimos lugares, mas nestes seis km estava a mil por hora pensando sobre a vida, o que estava acontecendo, porque tinha feito tudo aquilo que tinha me levado a ficar naquela situação, quando começo a sentir uma melhora e começo a trotar porque ate agora eu andava mais do que corria e já era apontado como tinha começado e já estava cançado. Comecei a trotar acompanhando dois corredores que corriam juntos e a medida que fui me sentindo seguro fui avançando e ultrapassando vários que tinham me passado, chegando a fazer um ritmo forte até o final da Barra da Tijuca que têm aproximadamente 18 km, quando já comecei a diminuir o ritmo. Vi dois corredores abandonar a corrida, ainda penso se poderia ajuda-los, um deles conversamos bastante, era sua primeira maratona, participava da equipe da empresa e pretendia fazer sub-5, mas argumentei que naquele ritmo e a distancia que ainda faltava no máximo daria para terminarmos em 5hs30'. Então passamos uns 10 km, ora conversávamos, ora ele dava uma esticada, ora eu dava uma esticada, quando de repente ele me passa na garupa da moto dizendo que tinha abandonado e me desejando boa sorte, ainda pensei em pedir para continuar mas já estava distante, após uns 20' o encontro sentado no meio fio com outros dois corredores e me pergunta a hora pois diz que tinha desligado o seu cronometro. Neste momento já estou na Praia do Arpoador, já tinha passado o Leblon, Ipanema e estávamos indo em direção a Praia de Copacabana, cada uma mais bonita do que a outra, do lado oposto a praia tinha os morros, as florestas, dava vontade de sair tirando fotos. Quando disse que esta Maratona era especial, foi porque era a primeira que estava consciente do que estava fazendo e do que tinha feito, e nos dezoito kilometros da Barra da Tijuca pensei muito sobre minha vida e achava bom a Maratona ser longa e que eu não fosse tão veloz porque só assim eu podia ter aquele momento que estava sendo muito interessante. A passagem por Copacabana foi caótica, com o publico invadindo a parte destinada a Maratona ate com bicicletas que tiravam fino a todo momento. De vez em quando alguém nos dava força, diziam que faltava pouco e nos felicitava pelo feito, mas em dois lugares fomos provocados e que consegui levar na brincadeira, em um deles tinham vários rapazes ainda de gravata com taças de cerveja nos oferecendo e respondi que aceitaria no final e em outro lugar tinha um cara embriagado soltando gracinhas, dizendo que estávamos muito lentos, mandava correr. Quando estávamos na avenida que liga Copacabana ao Leme já tinha formado um grupo de aproximadamente 10 pessoas que corriam junto ora ultrapassando, ora sendo ultrapassado e avançando e passando os que íamos encontrando. Quando de repente vou sendo ultrapassado por uma senhora fazendo marcha olímpica e digo para mim que poderia ser ultrapassado por qualquer um, ate por um senhor que corria de sandália havaiana mas que não iria ser ultrapassado por alguém caminhando, mesmo que fosse em marcha olímpica, então fica sendo um parâmetro, ela só poderia se aproximar e então eu teria que me distanciar e consegui chegar na frente por 1', no final tem muitos corredores que recebem apoio de técnicos, de amigos. Quando faltava uns 500 metros e não tinha ninguém atrás começo a caminhar quando uma pessoa que ficava numas barracas de equipe começa a aplaudir e grita para correr e que não caminhasse, então obedeço e corro os últimos 500 metros chegando as 5hs45'. Chegada desorganizada, tinha muita gente trabalhando mas estavam todos muito ocupados conversando, recebo a medalha logo após a chegada, ainda na pista, após tirar o chip com muito esforço e entregar. Para alimentar só consegui higrotônico e tomei duas garrafas e nos últimos 5 km também tinha tomado duas então fiquei bem e fui procurar um ónibus para ir para o hotel pois não estava disposto a fazer como fiz em Porto Alegre e São Paulo, quando voltei a pé para casa. Estava feliz com o resultado, pela reacção que consegui após a péssima largada e curtindo o aprendizado de cada maratona e esta do Rio foi diferente, pois já tinha outra compreensão, já tinha consciência do que estava fazendo e o que tinha de vencer. Fiquei assustado no dia anterior quando fui de ónibus ate a Barra da Tijuca e achei muito longe e que teria de fazer aquele percurso no dia seguinte correndo e no local que eu estava ainda faltava oito km para a largada e que teria que correr mais três par depois voltar para ir em direcção ao Flamengo. Vou para o hotel onde fico as três horas pós-maratona deitado, tomando agua, suco, me alimentando até que consiga andar sem sofrimento. Quando estava melhor fui assistir um Musical sobro Tom Jobim e Vinicius de Morais e a Bossa Nova e o Rio de Janeiro, sorte que o Teatro Carlos Gomes fica na outra esquina do hotel. Após o musical, vou para o hotel e vou dormir, após tomar uma cerveja. Agora esperar a próxima que talvez será a de Brasília.