segunda-feira, 13 de julho de 2009
RELATO DA RUN DAY - MARATONA DE BRASILIA
Na noite anterior procuramos o local que seria a base da Maratona mas só visualizamos uma barraca. No dia seguinte a estrutura estava toda montada mas faltava os banheiros. Então partimos para procurar lugares no térreo do Ministério da Justiça para podermos fazer nossas necessidades fisiológicas. Quando fomos convidados para a largada fui logo ficar um pouco atrás dos colegas que eu sabia que eram mais rápidos, mas como a largada era com todos juntos, tanto a Maratona, como a Meia e 8,6 km, ficava um pouco difícil então resolvi ficar no meio, visualizando ao longe os companheiros. Passou das 7:30hs e nada, contagem regressiva, nada, quando de repente um tiro de canhão bem perto e começamos a nos movimentar e afunilar para passar pelo túnel de largada/chegada. Antes do km3 já estava com poucos corredores fazendo companhia, quando chegamos no primeiro posto de apoio e escuto de um cara, dos mais velhos: olha ai o que nós espera, marcha olímpica , estamos é lascados. Contínuo a corrida sem sentir a famosa dor na perna esquerda, mas no km5 ela avisa, sinto o pé como se estivesse edemaciado, e diminuo o ritmo para não provocar e consigo chegar aos 10km sem precisar parar. Neste momento a corrida já é solitária mas ainda visualizamos corredores atrás e na frente, quando de repente vejo muitos corredores e vejo que tenho que entrar numa super-quadra por um lado da rua e voltar pelo outro, com canteiros ao meio. Logo que entro vejo que é uma longa súbita, e vejo o lado oposto uma longa descida, logo visualizo Miguel(não tenho certeza), depois Hideaki e depois Sabine que já avisa que vai parar quando terminar a primeira parte, e tento apressar o passo para alcança-la antes dos 21km, o que consigo no final da descida desta quadra, que só tinha embaixadas. Vou conversando com ela, estimulando tentando marcar o tempo, caminhando um pouco e tentando correr um pouco, mas percebo que ela estava decidida a parar, e eu também já estava muito cansado mas continuaria, e me despeço dela e vou embora. Visualizo um corredor franzino e pequeno se aproximando e sendo filmado por um motoqueiro e o garupa durante todo o tempo e não me ligo que já é o cara que vai em primeiro lugar, penso que é um corredor que fazia um filme para divulgação e nem da Maratona fazia parte, algum tempo depois vejo se aproximar outro corredor, este só com um policial numa moto que o acompanha. Quando me aproximo da chegada da meia, corre um cinegrafista em minha direcção e vai começar a filmar quando aviso que ainda estou terminando a primeira parte, quando ele pergunta então o terceiro lugar é este outro e confirmo, pois o cara se aproxima com velocidade, embora mostre-se muito cansado. Quando vou passando no túnel me perguntam se sou Maratona ou Meia, e quando digo que era Maratona me mandam passar no tapete ao lodo do túnel de chegada, e já escuto o corredor que foi 3º lugar dando entrevista, era um corredor de Brasília, considerado o ídolo deles. Quando passei da meia um motociclista se aproxima e me pergunta se sou Maratona, e só podia ser porque já tinha passado da meia, pergunto a ele se uma corredora loura vinha bem e ele diz que ela tinha avisado que iria parar na Meia. Pergunto também quantos corredores vinham atrás de mim e ele responde que tinha três. Percebo que diminuíram os postos de abastecimento e começo a pegar dois copos de cada vez, quando chego no km 10 tinha um posto e um dos mais velhos pergunta se não era melhor ter feito a meia e digo que não e que estava dentro da minha previsão, que meu ritmo era aquele e que com certeza terminaria entre 5:45 e 6:15hs. Mas fico pensando que os caras não se dão conta se não fosse agente eles estariam desempregados, acho que são desempregados e vivem de bicos. Entre o km 10 e o 14 começo a perceber uma moça dentro de um carro estacionado num dos estacionamentos da estrada, mas do lado que corremos, e fico pensando se ela tinha alguém da família que vinha atrás, ou era uma repórter fazendo alguma matéria. Quando vou chegando no no km 15 começa a aumentar o número de pessoas que estava com ela, e também de carros e pergunto se é algum parente e confirmam que são dois, acho que era pai e filho e pergunto se era a primeira Maratona e dizem que não, que já correram varias. Mas desde o km 10 que tento visualizar os que vinham atrás mas não vejo ninguém, no meio da subida das embaixadas caminho muito quando olho para trás e vejo uma mulher se aproximando, vinha com uma camel-back. Volto a trota a espera de ser ultrapassado e depois de alguns minutos olho para trás e ela estava quase no mesmo lugar de antes, chego no final da ladeira e estavam oferecendo isotónico e para e tomo dois copos e saio com um copo d'agua e começo a ver os corredores que vem atrás, não são dois, nem três, mas quatro. O pai e filho são os dois últimos, o filho sendo seguido pela ambulância, motos e caminhão recolhendo os cones que separam a pista. Na metade da descida vejo o pai e filho correndo juntos se aproximando muito e os outros ficaram no posto de abastecimento. Então volto a correr, penso que correndo iria esfriar um pouco o animo deles, mas ainda estou bem, só cansado e com pouca energia, os pés e pernas já muito dolorido e pensava que com o passar do tempo cada Maratona se tornaria mais fácil e que não era verdade porque estava correndo a Maratona mais difícil das quatro. Continuo encontrando os familiares dos dois corredores que passaram a marcar meu tempo sem perceberem e eu também. Quando eu passava por eles não avistava ninguém atrás de mim, mas após 1 a 2 km os reencontrava outra vez e começo a aceitar biscoitos e isótonico. Quando passo do km40 começo a sentir ameaça de cãibras por todo o corpo, é um beliscão na parte posterior da coxa, outro na panturrilha, outro no tórax posterior, outro no músculo intercostal e diminuo o ritmo para não deixar a cãibra se instalar pois fico sem saber como seria, se pararia e se aumentaria a frequência e consigo chegar sem cãibras com 6:00 cravados. Durante todo o tempo recebi muito apoio dos motoqueiros, alguns pareciam entender o que estávamos enfrentando, dizendo que todos os postos estavam funcionando. Um me informou que a ambulância estava próxima e respondi que estava bem, dentro do meu ritmo e que com certeza não precisaria da ambulância. Nos últimos 5 km passei a ser incomodado pelos caminhões recolhendo alguns cones e uma das vezes não dei passagem, porque teria que subir a calçada e os mandei ultrapassar pela segunda faixa, depois veio o caminhão da Policia Rodoviária Federal recolhendo os cones maiores então subi a calçada e ironicamente os mandei ultrapassar e depois veio a ambulância que parou logo em seguida e gritei para o médico no próximo ano correr. Quando terminei, recebi a medalha e nada para me alimentar, só um copo com agua e nenhuma foto. Fiquei chateado porque queria ter ficado para me confraternizar com a família e os dois corredores que vinham atrás de mim mais tinha que ir embora entregar o quarto no hotel, pois o tempo que eles ofereceram foi até as 14hs e com certeza iria me atrasar pois não consegui táxi e caminhei 3km o mais rápido que pude e mesmo assim cheguei as 14:15hs, mas ainda tomei um banho rápido e fechei a conta. Chamei um táxi e fui directo para o aeroporto para ficar o máximo do tempo sentado, mas no primeiro momento não senti muito, hoje estou com mais dificuldade de caminhar. Terminei optimista, pois terei a K2 Bombinhas pela frente, que é muito difícil porque além de ser de 42km, também tem vários obstáculos.
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Caro Ésio, você é um gigante. A prova é dura mesmo, mas nós somos também, então dá empate. Espero que você tenha tempo e cuide bem dessas dores que enumerou. Você continua ídolo dos Baleias. Na subida das embaixadas, primeira volta, fui eu mesmo quem te cumprimentou. Um grande abraço e até a próxima prova. Infelizmente não participarei dos seus dois próximos desafios. Não tenho capacidade para tal.
ResponderExcluirÉsio,
ResponderExcluirParabéns por mais uma maratona concluida e estou torcendo por você em Bombinhas.
Abraços,
Júlio
Grande Ésio,
ResponderExcluirVocê é um tipo de "Louco" que o Mundo tanto precisa: Aqueles que provam que o impossível não existe fora da gente...
Parabéns!
Alberto Peixoto
http://overrunning.blogspot.com/
Grande Ésio, você é um exemplo de determinação e garra, parabéns por concluir a sua maratona de número 4.
ResponderExcluirVocê levou ou não uma camisa do nosso SPORT para desfilar com ela na capital do país vizinho ao país da Ilha do Retiro ?
Pôxa, eu vou fazer essa prova esse ano. NOSSA!!!!! PARABÉNS AMIGO, PELA DETERMINAÇÃO. Abraço.
ResponderExcluirSe prepare bem, pois sao duas meias dificeis, principalmente na subida das embaixadas.
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