domingo, 21 de agosto de 2011

14/08/2011 10h59 - Atualizado em 14/08/2011 12h00 Maratonistas participam de 'caçada' para estudo sobre evolução humana Quatro atletas profissionais correrão atrás de um antílope para tentar provar que o homem é o animal mais bem adaptado e resistente à corrida no planeta


Não importa a paisagem, o relevo ou a temperatura. Pode ser nas ruas de grandes cidades, no calor do deserto africano ou no frio congelante da Antártica. Existem corridas em todos oscantos do planeta. A prática já virou febre, mania, vício... uma das modalidades mais praticadas do mundo. Mas, afinal, por que os humanos gostam tanto de correr?
Um pequeno grupo de maratonistas busca uma resposta para essa pergunta. E de uma maneira bastante inusitada: caçando um antílope. Isso mesmo, caçando. Não com armas de fogo, mas com as próprias pernas. Eles vão correr atrás do bicho até que ele tombe de cansaço. Essa é a "Caçada de Persistência". O cenário dessa aventura está nas planícies do Novo México, no Sudoeste dos EUA. Quatro corredores profissionais participam do experimento que testa a teoria da evolução humana.
- Eu achei engraçado, principalmente quando me disseram que se tratava de uma caçada. Depois vi que a coisa é séria, pois estamos colocando à prova algo que nossos ancestrais faziam para sobreviver - disse Mark Esposito, maratonista americano.
Alguns pesquisadores acreditam que, há cerca de dois ou três milhões de anos, nossos antepassados começaram a correr atrás das presas até que elas caíssem exaustas. Isso teria moldado nosso corpo para as corridas, fazendo com que nos tornássemos mais resistentes do que qualquer outro animal da Terra.
- Na maratona, hoje, o recorde é de 2 horas e três minutos. Não existe nenhum outro animal que consiga manter, na velocidade que o homem mantém, uma corrida com esse desempenho, e por todo esse tempo - disse o biólogo da Universidade de São Paulo (USP) Antonio Bicudo.
FRAME Maratonistas correndo EE (Foto: Reprodução / TV Globo)Maratonistas treinam para a caçada de persistência
(Foto: Reprodução / TV Globo)
Tudo isso ocorre porque temos características especiais. Pernas repletas de fibras musculares suportam esforços prolongados; estruturas como pés e tornozelos, que absorvem impactos; e glândulas de suor que ajudam a refrigerar o corpo.
- Isso permite que ele tenha um longo tempo de corrida atrás do animal - revelou Bicudo.
Com outras espécies as características são diferentes. Os antílopes, por exemplo, são muito rápidos, podendo alcançar os 100 km/h, mas eles dependem da respiração para liberar o calor que se acumula no corpo. Se correrem por muito tempo, a temperatura pode chegar a 38º C, levando-os à morte.
O queniano Andrew Musuva conhece bem essa situação. Vinte anos atrás, na África, o maratonista chegou a caçar um animal semelhante com essa técnica de resistência e acabou levando comida para casa.
- Isso me tomou umas duas horas. Corri sem parar, até que o bicho não aguentou mais e pude atingi-lo com uma pedra. No final, não existia mais nada em mim. Estava morto.
Por ter essa experiência, Musuva vai liderar o grupo de maratonistas e traçar as estratégias. Ele explica que é preciso trabalhar em equipe, ter muita paciência e muito fôlego para correr por mais de três horas.
- O importante é se manter o tempo todo no campo visual dos antílopes. Enquanto eles puderem te ver, saberão que estão sendo perseguidos, e vão tentar fugir. É assim que vamos cansa-los.
FRAME Antílope, matéria EE (Foto: Reprodução / TV Globo)Antílope, o alvo da corrida (Foto: Reprodução/TV Globo)
Nesta experiência, o final será um pouco diferente. Os maratonistas não vão abater o antílope. A ideia é apenas vencer o animal pelo cansaço e chegar perto dele. É isso que espera o documentarista americano Alexander Cullen, que acompanha a caçada e pretende fazer um filme sobre a aventura.
Os maratonistas treinam para a caçada, que deve ocorrer ainda em agosto. Mas a pergunta que fica no ar quem faz é o americano Mark Esposito:
- Será que ainda é possível fazer isso? Será que a nossa vida sedentária, de homens modernos, não estragou essa vitalidade de nossos antepassados?
Para os especialistas, ainda somos capazes de feitos como esse.
- É viável, sim, porque o homem guarda esse patrimônio do seu ancestral. O homem nasceu com essa caracterísitca. Do ponto de vista biológico, ele nasceu para se moviemntar - finalizou Antonio Bicudo.
Quem se interessar pelo projeto e quiser apoiá-lo pode entrar em contato diretamente com o diretor, Alex Cullen, pelo e-mail: persistencehunt@gmail.com.

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